16 de mai. de 2012


Parte 8
Isha Upanishad
(Ishopanishad)

21- VERSO 7

       yasminsarvani bhutanyatmaivabhudvijanatah  /
       tatra ko mohah kah soka ekatvamanupasyatah   // 7 //

- YASMIN = (aquele) no qual.
- VIJANATAH = para aquele que possui este conhecimento claro, que tem a visão do Um (Atma); o sábio.
- SARVANI = todos.
- BHUTANY (bhutani) = os seres.
- IVA (eva) = somente.
- ABHUD (abhut) = existe como.
Comentário: YASMINSARVANI BHUTANYATMAIVABHUDVIJANATAH = Qual o conhecimento que o sábio possui ? De que todos os seres são somente Um (Atma).
Obs: Todo o universo se dissolve e nasce, na Consciência. O todo sai desse Um e volta para esse Um.
- TATRA = aonde.
- KO (kah) = que.
- MOHAH = ilusão, confusão (em relação a si mesmo, a verdade desse universo, em relação aos 2 diferentes tipos de desejo).
- SHOKA = (razão suficiente para o) sofrimento ( pensar que é limitado, infeliz, mortal; pensar sobre o que vai acontecer comigo, com meus familiares e amigos; será que vou morrer? ).
Comentário: Moha e Shoka são 2 características do samsara que tem a ignorância na sua semente.
     Quando o samsara está ali, a ignorância e a ilusão estão impulsionando constantemente; sem estes, simplesmente é a vida uma expressão de Ishvara.   
Comentário:  KO  MOHAH  KAH  SHOKA = que confusão e sofrimento ?! Não existe confusão e sofrimento para o sábio.
Comentário: O sábio é aquele que entende a natureza do desejo (que este nasce da ignorância). O desejo é um impulso para realização do karma e nada mais. Este impulso é a própria ilusão. Essa é a natureza do desejo. 
     Vivemos com o constante desejo de conquistar alguma coisa, querer algo. Desejamos ser diferentes do que somos agora, desejamos ser felizes. Essa busca constante da felicidade através dos vários objetos nos mantém no samsara, faz o samsara continuar; assim como o desejo que brota da visão de limitação (ignorância de si mesmo), da mortalidade.
Comentário: Desejando, fazemos uma ação, e desta temos um resultado; temos um novo desejo e fazemos uma nova ação, e assim continua.

     Pensamos: “Vou fazer uma determinada ação porque serei mais feliz”. Assim ficamos como um cachorro querendo morder o próprio rabo, não nos dando conta que somos o próprio rabo. Buscamos felicidade sem nos dar conta que somos a própria.     Não conhecendo o desejo, ficamos constantemente na roda (ciclo) do samsara.
     Quando nosso desejo básico termina (busca de felicidade), quando compreendemos que somos livres de qualquer limitação, livres da mortalidade, ai então, o desejo se torna algo que não me aprisiona, passa a ser apenas um instrumento para vida (para viver a vida), um instrumento para realizar todo esse karma. A razão do desejo obedece a ordem de Ishvara. Compreendendo isso, ficamos confortáveis com nós mesmos, resta somente o desejo de fazer do próprio karma, desejo de fazer, de realizar, de viver, mas não, de ser feliz.
     Quando nos libertamos do desejo de ser feliz de alguma maneira nesse universo, ai então, a ilusão e o sofrimento se vão.    
Comentário:  2 diferentes tipos de desejo:
     a) desejo de realizar.
     b) desejo de ser feliz através da realização.
Comentário: Quando descubro que este Ser que é pleno (que não necessita de algo novo, de vários objetos, de mudança, de ser diferente, ser feliz) já é conhecido por mim, ai então, o desejo (de ser feliz através da realização) se vai e apenas resta o desejo (de realizar).
     Para aquele que possui este conhecimento, a vida, o corpo, a mente, a personalidade, a maneira como eu sou, são apenas decorações. Toda a natureza é uma decoração em Ishvara, que é Atma.
- ANUPASHYATAH = para esta pessoa que vê.
- EKA = o Um.
- TVAM = você mesmo.
Comentário: EKATVAMANUPASHYATAH = aquele que vê (muito claramente) esse Atma como a si mesmo.
Comentário: TATRA  KO  MOHAH  KAH  SHOKA  EKATVAMANUPASHYATAH = Aonde está a ilusão e o sofrimento para aquele que (claramente) vê a si mesmo (como) esse Um (Atma).  (Não está, não existe!).

22- VERSO 8

sa paryagacchkramakayamavrana - masnaviram suddhamapapaviddham  /
kavirmanisi paribhuh svayambhu - ryathatathyato´rthan vyadadhachasvatibhyah samabhyah // 8 //

- SA PARYAGAC (paryagat) = aquele que está em todo lugar.
- CHUKRAM = aquele que é brilhante (como a Consciência).
- AKAYAM = aquele sem um corpo específico.
- AVRANAM = aquele sem machucado (pois não tem um corpo físico nem uma mente sutil/emocional para ser machucado).
Comentário: Somos machucados, feridos, marcados fisicamente e emocionalmente através de várias situações que marcam nossas próprias vidas e ficam ali guardadas.
- ASNAVIRAM = aquele sem vasos sanguíneos, sem nadis (condutos de energia).
- SNAVA = nadis (condutos de energia no corpo).
- SHUDDHAM = aquele que é puro (jamais será poluído).
Comentário: O ar, terra, água podem ser poluídos mas o espaço não (assim como a Consciência).
- APAPAVIDDHAM = aquele que é livre de papam (demérito) e punyam (mérito).

Comentário:  O corpo e a mente fazem a ação e, ambos recebem mérito e demérito; a Consciência é akarta, não faz ação e, portanto, não recebe punyapapam.
- KAVIR (kavih) = aquele que vê sempre, a testemunha (saksi).
Comentário: Ver e não ver é a dualidade. Atma é aquele que vê sempre, está além da dualidade.
- MANISI = aquele que está por trás da mente (que permite á mente pensar).
- PARIBHUH = aquele que está além de qualquer existência, que existe sempre, sempre é.
- BHUH = tornar-se, vir a ser.
- SVAYAMBHU (svayambhuh) = aquele que nasceu por si mesmo, que não depende de nada, que existe por si só.
Comentário:  
 SA RYAGACCHKRAMAKAYAMAVRANA-MASNAVIRAM SUDDHAMAPAPAVIDDHAM
     Essas várias palavras na primeira linha do verso 8 estão descrevendo o Atma.


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