Parte 8
Isha
Upanishad
(Ishopanishad)
21- VERSO 7
yasminsarvani bhutanyatmaivabhudvijanatah /
tatra ko mohah kah soka ekatvamanupasyatah
// 7 //
- YASMIN = (aquele) no qual.
- VIJANATAH = para aquele que possui este
conhecimento claro, que tem a visão do Um (Atma); o sábio.
- SARVANI = todos.
- BHUTANY (bhutani) = os seres.
- IVA (eva) = somente.
- ABHUD (abhut) = existe como.
Comentário: YASMINSARVANI
BHUTANYATMAIVABHUDVIJANATAH
= Qual o conhecimento que o sábio possui ? De
que todos os seres são somente Um (Atma).
Obs: Todo o
universo se dissolve e nasce, na Consciência. O todo sai desse Um e volta para
esse Um.
- TATRA = aonde.
- KO (kah) = que.
- MOHAH
= ilusão, confusão (em relação a si mesmo, a verdade desse universo, em relação
aos 2 diferentes tipos de desejo).
- SHOKA
= (razão suficiente para o) sofrimento ( pensar que é limitado, infeliz,
mortal; pensar sobre o que vai acontecer comigo, com meus familiares e amigos;
será que vou morrer? ).
Comentário: Moha e Shoka são 2 características do samsara que tem a
ignorância na sua semente.
Quando o samsara está ali, a
ignorância e a ilusão estão impulsionando constantemente; sem estes,
simplesmente é a vida uma expressão de Ishvara.
Comentário: KO MOHAH KAH SHOKA = que
confusão e sofrimento ?! Não existe confusão e sofrimento para o sábio.
Comentário: O sábio é
aquele que entende a natureza do desejo (que este nasce da ignorância). O
desejo é um impulso para realização do karma
e nada mais. Este impulso é a própria ilusão. Essa é a natureza do desejo.
Vivemos com o constante desejo de
conquistar alguma coisa, querer algo. Desejamos ser diferentes do que somos
agora, desejamos ser felizes. Essa busca constante da felicidade através dos
vários objetos nos mantém no samsara, faz o samsara continuar; assim
como o desejo que brota da visão de limitação (ignorância de si mesmo), da
mortalidade.
Comentário: Desejando,
fazemos uma ação, e desta temos um resultado; temos um novo desejo e fazemos
uma nova ação, e assim continua.
Pensamos: “Vou fazer uma determinada ação
porque serei mais feliz”. Assim ficamos como um cachorro querendo morder o
próprio rabo, não nos dando conta que somos o próprio rabo. Buscamos felicidade
sem nos dar conta que somos a própria.
Não conhecendo o desejo, ficamos constantemente na roda (ciclo) do samsara.
Quando nosso desejo básico termina (busca
de felicidade), quando compreendemos que somos livres de qualquer limitação,
livres da mortalidade, ai então, o desejo se torna algo que não me aprisiona,
passa a ser apenas um instrumento para vida (para viver a vida), um instrumento
para realizar todo esse karma. A
razão do desejo obedece a ordem de Ishvara. Compreendendo isso, ficamos
confortáveis com nós mesmos, resta somente o desejo de fazer do próprio karma, desejo de fazer, de realizar, de
viver, mas não, de ser feliz.
Quando nos libertamos do desejo de ser
feliz de alguma maneira nesse universo, ai então, a ilusão e o sofrimento se
vão.
Comentário: 2 diferentes tipos de desejo:
a) desejo
de realizar.
b) desejo de ser feliz através da realização.
Comentário: Quando descubro
que este Ser que é pleno (que não necessita de algo novo, de vários objetos, de
mudança, de ser diferente, ser feliz) já é conhecido por mim, ai então, o
desejo (de ser feliz através da realização) se vai e apenas resta o desejo (de
realizar).
Para aquele que possui este conhecimento,
a vida, o corpo, a mente, a personalidade, a maneira como eu sou, são apenas
decorações. Toda a natureza é uma decoração em Ishvara, que é Atma.
- ANUPASHYATAH = para esta pessoa que vê.
- EKA = o Um.
- TVAM = você mesmo.
Comentário: EKATVAMANUPASHYATAH = aquele que vê (muito claramente) esse Atma como a si mesmo.
Comentário: TATRA KO
MOHAH KAH SHOKA
EKATVAMANUPASHYATAH = Aonde está a ilusão e o sofrimento
para aquele que (claramente) vê a si mesmo (como) esse Um (Atma). (Não está, não existe!).
22- VERSO 8
sa paryagacchkramakayamavrana - masnaviram
suddhamapapaviddham /
kavirmanisi paribhuh svayambhu - ryathatathyato´rthan
vyadadhachasvatibhyah samabhyah // 8 //
- SA PARYAGAC (paryagat) = aquele que está em todo lugar.
- CHUKRAM = aquele que é brilhante (como
a Consciência).
- AKAYAM
= aquele sem um corpo específico.
- AVRANAM
= aquele sem machucado (pois não tem um corpo físico nem uma mente
sutil/emocional para ser machucado).
Comentário: Somos
machucados, feridos, marcados fisicamente e emocionalmente através de várias
situações que marcam nossas próprias vidas e ficam ali guardadas.
- ASNAVIRAM
= aquele sem vasos sanguíneos, sem nadis (condutos de energia).
- SNAVA
= nadis (condutos de
energia no corpo).
- SHUDDHAM = aquele
que é puro (jamais será poluído).
Comentário: O ar, terra,
água podem ser poluídos mas o espaço não (assim como a Consciência).
- APAPAVIDDHAM
= aquele que é livre de papam (demérito) e punyam
(mérito).
Comentário: O corpo e a
mente fazem a ação e, ambos recebem mérito e demérito; a Consciência é akarta,
não faz ação e, portanto, não recebe punyapapam.
- KAVIR (kavih) = aquele que vê sempre, a testemunha (saksi).
Comentário: Ver e não
ver é a dualidade. Atma é aquele que vê sempre, está além da
dualidade.
- MANISI
= aquele que está por trás da mente (que permite á mente pensar).
- PARIBHUH = aquele
que está além de qualquer existência, que existe sempre, sempre é.
- BHUH =
tornar-se, vir a ser.
- SVAYAMBHU (svayambhuh) = aquele que nasceu por si mesmo, que não
depende de nada, que existe por si só.
Comentário:
SA RYAGACCHKRAMAKAYAMAVRANA-MASNAVIRAM SUDDHAMAPAPAVIDDHAM
Essas várias palavras na primeira linha do verso
8 estão descrevendo o Atma.
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