Meditação
(Parte 1)
Existem
2 tipos de sadhana (prática), ambos
devem ser seguidos:
- Karma Yoga (meio externo para moksha)
- Dhyana (meio interno para moksha)
Karma
Yoga
É o que deve ser feito por você, com uma
atitude adequada e seguindo valores.
É o entendimento de que temos o controle
somente na ação, nunca sobre os resultados.
Uma atitude em relação à ação. Atitude que
nos desidentifica de gostos e aversões.
Cuidar e observar meus gostos e aversões.
Purificação mental.
Estabilidade da mente.
Sabedoria na ação. Dissociação de nossa
relação com o sofrimento.
Toda
Ação Nasce de um Desejo
Desejos são divididos em 2 categorias: gostos, algo que você quer proteger ou
adquirir e aversões, algo que você está tentando evitar ou até mesmo se
livrar. São divididos também em outras 2 categorias: “úteis”, desejo de fazer, ensinar, doar, escrever, estar atento,
consciente e aqueles que desestabilizam
a nossa mente, desejos capazes de tirar o foco da nossa prática, da nossa
vida, a paixão por alguém, um objeto; ou desejo por algo que não pode ser
alcançado neste determinado momento de nossa vida, desejo que tira a nossa
objetividade. Como indivíduos, estamos sujeitos a isso. Nossas experiências e
julgamentos irão ditar nossas escolhas, nossos gostos e aversões. Nossas
escolhas representam a dualidade, que representa a limitação.
No Bhagavad-Gita,
o mestre diz para o discípulo que primeiro tendo sob seu controle os sentidos,
que abandone este desejo (aquele que tira a atenção da sua mente) pernicioso
que destrói o conhecimento (III; 41).
Fala também que os sentidos são superiores. A mente é superior aos sentidos.
Superior à mente é o intelecto. Aquele (o Ser) é superior ao intelecto (III; 42). Os sentidos são superiores
aos objetos que dependem da nossa capacidade de percepção. Sem os órgãos de
percepção, os objetos não poderiam ser observados. A mente é superior aos
sentidos, pois guarda a sensação dos objetos. Mas a mente tem a capacidade de
fantasiar. Sem o conhecimento do Ser ela começa a achar que é o Eu. A mente é
uma ferramenta que tem a capacidade de te conduzir ao Ser, mas ela deve ser
disciplinada (yoga). Mas se ela estiver sob o comando dos desejos, você se
perde em si mesmo. O intelecto é superior à mente, pois é o intelecto o
responsável pela nossa capacidade de pensar objetivamente. E o Ser superior a
tudo, mas se faz necessário um espaço onde possa se refletir claramente. O
mestre conta que, desta forma, conhecendo aquele superior ao intelecto,
segurando a mente com a mente, abondone o inimigo na forma de desejo que é
difícil de ser vencido (III; 43).
O mestre (sábio) compreende que ele é
felicidade, e então se vê livre do desejo de se tornar feliz acumulando
objetos; a sua felicidade não depende da
presença ou ausência das coisas.
O
Problema dos Gostos e Aversões
Problemas
são causados somente por uma mente dominada por gostos e aversões.
Todos vivemos em um mundo pessoal
condicionado pela sociedade, cultura, religião, pais e professores. Como
resultado dessas influências cada pessoa tem seus gostos e aversões. Gostamos
de objetos e sentimos que eles nos farão felizes. Desgostamos de outros e
achamos que na presença deles nos tornamos infelizes. Há também objetos e pessoas
aos quais somos indiferentes porque a presença destes não nos causa felicidade
ou infelicidade. Não vemos os objetos do mundo como eles são, mas como eles são
interpretados pela mente que tem gostos e aversões peculiares. Quanto mais
sensível uma pessoa se torna, mais sutis se tornam os gostos e aversões. Ter
preferências não é um problema em si, mas se alguém não gosta de certa nuance,
não a verá como realmente é. Por isso se afirma que uma pessoa não vive em um
“mundo público” (o mundo objetivo), mas em seu mundo privado, de fantasias.
Tudo aquilo que buscamos é guiado por gostos e aversões. Pensamos que seremos
mais felizes, confortáveis, adquirindo objetos que gostamos e nos livrando
daqueles que não gostamos. Uma pessoa pode se sentir desconfortável por
inúmeras coisas. O desejo de ser feliz nos condiciona a adquirir ou rejeitar de
acordo com os gostos e aversões. Então, a felicidade se torna incerta porque
depende do sucesso da busca; e ainda se torna mais incerta pelo fato de que os
gostos e aversões mudam constantemente. Até que gostos e aversões sejam
neutralizados, não podemos ser objetivos em relação ao mundo. Mesmo quando
agimos conduzidos por gosto ou aversão, se
não reagimos ao resultado, estes serão neutralizados. Agir sem depender do
resultado ou dos vários fins da ação. O resultado de uma ação raramente está de
acordo com aquilo que esperamos. Se é melhor do que esperamos, nos sentimos bem
sucedidos; se recebemos menos do que esperamos, pensamos que somos fracassados.
Mas se tomarmos os resultados objetivamente, nosso gosto ou aversão não poderá
criar nenhum sentimento de sucesso ou fracasso. Não serão mais capazes de
causar qualquer tipo de tristeza.
Karma
Yoga é para purificação mental, por liberar a pessoa de seus gostos e
aversões.
Gostos
e Aversões: Obstáculos para o Conhecimento
Uma pessoa com gostos e aversões pode
ouvir o que está sendo dito pelo professor: “Você é ilimitado”, porque a mente
está atenta e então está relativamente livre; a mente te deixa aprender a
partir do momento que gostos e aversões não interferem. Estes momentos de
aprendizado onde temos um lampejo de nossa realidade estão isolados da nossa
personalidade. Mais tarde, quando estamos longe do professor e do ensinamento,
estes lampejos desaparecem e tudo o que resta é a personalidade novamente
governada pelos gostos e aversões.
Agindo com uma mudança em nossa atitude
neutralizamos gostos e aversões, e assim, obtemos uma mente relativamente livre
com a qual possamos aprender.
Uma atitude contemplativa é algo natural,
mas somente pode ser descoberta depois de estarmos livres de gostos e aversões.
O mundo objetivo não cria problemas para
nós. Problemas são causados somente por uma mente dominada por gostos e
aversões. Se você tem uma mente contemplativa, percebe que os gostos e aversões
pertencem à mente, e que você não é a mente. Cultivar uma determinada atitude
em relação à ação e seus resultados neutraliza os gostos e aversões, essa
atitude é Karma Yoga.
Prática
de Meditação
Imaginem estarem próximas a uma montanha,
uma floresta, com um rio silencioso, flores por todos os lados, pássaros
cantando. O mundo é belo; você parece não desejar mais nada; você acertou suas
contas com a vida e se sente bem feliz. É a mesma pessoa que respondia à simples
pergunta: “Como vai você?” com um milhão de reclamações. Como estas reclamações
desapareceram? Quando você viu a montanha, você não quis que ela fosse
diferente; ou você gostaria que ela tivesse picos congelados? A mente aceitou
tudo como está. Ela não desejou que o rio fosse mais rápido ou devagar, ou que
o céu fosse mais azul, ou que os pássaros estivessem mais afinados. Você mesmo
não quer ser diferente. Você sentiu a vontade de falar com alguém? Neste
momento você está alegre e em paz. Este é o estado mental que nos conduz à
contemplação.
Uma
Atitude em Relação a Ação
Podemos escolher como agir, mas o
resultado não está em nossas mãos. O resultado é determinado pelo momento em
que a ação é realizada. Não podemos evitar o resultado, estes são governados
por leis que estão além do nosso controle. Encontramos-nos em um mundo
governado por leis que não foram criadas por ninguém daqui. Nascemos de acordo
com leis e a colheita dos resultados também está de acordo com estas leis. Esta
é a lei natural, a qual podemos tentar “entender, mas nunca mudar”.
Quando agimos, esperamos um resultado,
mesmo que saibamos que estes não estão sob nosso controle. Possuímos gostos e
aversões, e queremos que as coisas aconteçam de acordo com estas identificações.
Gostos e aversões são identificações. Esta expectativa por um resultado é
natural, não é o problema em si; o problema está na reação ao resultado. “Aja esperando um resultado; aja para que você
consiga o que você quer; planeje e execute tua ação; mas se o resultado for
completamente diferente das suas expectativas, apesar de tanto você o desejar,
não reaja e não se sinta frustrado”.
Então, não temos que abrir mão de nossas ações. Se apenas transformarmos
a nossa atitude perante ás ações, nos tornaremos pessoas diferentes.
Uma ação
prende e continuará a prender uma pessoa somente se a atitude não for correta.
A ação (respirar, comer, urinar, etc) nunca poderá ser deixada completamente. A
nossa permanência no corpo físico não pode ser cumprida sem ação.
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