16 de mai. de 2012


Parte 5
Isha Upanishad
(Ishopanishad)

Obs: Sentar e estudar são a única maneira de lidar com o ego (ahamkara), de outra maneira, você estudando sozinho, o ego só cresce (ex: “eu sou autodidata”, “li e aprendi tudo melhor que qualquer pessoa”).
     Como uma forma de ter humildade, nós nos sentamos e nos dobramos a tradição do ensinamento. Nós não nos dobramos para aquela pessoa que está nos ensinando, ela é apenas um veículo, um instrumento, nos dobramos a tradição do ensinamento.
     A única maneira de você se dobrar é através de você se colocar nessa linhagem de estudo. Nessa atitude de querer extrair daí esse segredo (dos Vedas), essa mensagem, esse conhecimento; o ahamkara está sendo dobrado. Por isso é falado no verso inicial da Gita dhyanam, antes da Gita: “sarvopanishado gavo doghdha gopalanandanah”  =  todas as Upanishads são (como) vacas e gopala (Krshna) é aquele que extrai o leite (essência da vida), que ordenha a vaca (ordenhar parece que é fácil mas quando vamos pessoalmente tentar, vemos que não é tão fácil). Krshna é o ordenhador e nós, os bezerros que se dispõem a beber o leite.
 
17- VERSO 3

   asurya nama te loka andhena tamasa 'vrtah  /
   tamste pretyabhigacchanti ye ke catmahano janah  // 3 //

Comentário:  Neste verso vemos o desdobramento do verso 1.
Obs:  Mundaka Upanishad diz que existem 2 tipos de conhecimento:
   a) do Absoluto. Aquele que uma vez conhecendo (adquirindo) esse conhecimento, acabou, o conhecimento está adquirido (ganho); então, do que você adquiriu, nada mudou, porque o Absoluto não muda. O objeto de conhecimento é completo e imutável, nunca muda.
     b) do relativo.  Aquele que é mutável, não tem um fim, não tem nenhum dia que você diga que acabou, pois mesmo que tenha estudado sobre tudo disponível no mundo (que já é difícil!) de algum determinado assunto (ou objeto), ele muda e, então, tem mais coisa para saber e que você não sabe mais. Esses que possuem este conhecimento são considerados ignorantes (em relação ao Absoluto).
- ASURYAH (asuras) = ignorante (aquele que não possui o conhecimento).
Obs:  Asuras e Devas são 2 termos que aparecem nos Vedas e na Gita (cap. XVI).
     a) Asura: pessoa que é negativa, destrutiva, que tem prazer em destruir, que é confusa, iludida. Aquele que não tem conhecimento, todos os ignorantes.
   b) Deva: palavra derivada da raiz “div” = brilhar.  Pessoa que brilha (porque tem clareza de conhecimento, em relação aos valores), que tem a capacidade de agir para com outra pessoa considerando-a como a si mesma, seguindo os valores universais. Aquele que possui conhecimento.
Comentário: A Gita diz que as qualidades de Deva conduzem ao conhecimento e, as de Asura mantém a pessoa na ignorância e na confusão.
Comentário: O objetivo do verso 3 é fazer uma crítica ao ignorante (que se mantém na ignorância), dar uma “sacudida”, “acordá-lo”. Fazer com que essa pessoa enxergue o objetivo maior da vida que é o autoconhecimento, mostrar que é isso que se deve fazer e seguir (assim como faz Krshna a Arjuna na Gita). Esta Upanishad está fazendo isso.
     Ignorante todo mundo é mas se você mantém a sua ignorância em relação ao “Eu”, você está destruindo a você mesmo, é um “suicídio”. Um suicídio no sentido de que você está matando o Atma, ignorando-O (sua natureza fundamental eterna). Na ignorância nós ignoramos o Atma, eliminamos do nosso vocabulário, da nossa vida. Ignorante também é aquele que não faz nada para sair da roda do samsara.
- ASURYAH NAMAH = Essas pessoas que são chamadas de Asura.
    Essas pessoas não só não reconhecem o Atma como não sabem que existe um Atma e que este deve ser conhecido. Sendo conhecido, você vai se libertar de todo o sofrimento, toda a confusão.
     Essas pessoas então, estão completamente envolvidas nessa escuridão.
- AVRTAH = encobertos (completamente).
- ANDHENA TAMASA = total (grande) escuridão.
- TE LOKAH = mundos, nascimentos (vários).
Comentário: Devido a essa grande escuridão da ignorância, essas pessoas têm vários nascimentos e perpetuam essa escuridão. Nascem na escuridão e terminam a vida nela. Vivem muitas experiências diferentes, buscam muitas coisas diferentes, têm vários objetivos, mas todos dentro de artha, kama e dharma. Não fazem nada para sair da ilusão (confusão).
     Têm vários nascimentos encobertos por total escuridão.
  Comentário:   No Mahabharata, Dhritarashtra (pai de Duryodhana e tio de Arjuna) nasceu cego. Num determinado momento, Vyasa o oferece a capacidade de ver (o que está acontecendo no campo de batalha) além, mas ele recusa. Ele estava na escuridão e opta por manter-se nela.


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