Parte 5
Isha
Upanishad
(Ishopanishad)
Obs: Sentar e
estudar são a única maneira de lidar com o ego (ahamkara), de
outra maneira, você estudando sozinho, o ego só cresce (ex: “eu sou
autodidata”, “li e aprendi tudo melhor que qualquer pessoa”).
Como uma forma de ter humildade, nós nos
sentamos e nos dobramos a tradição do ensinamento. Nós não nos dobramos para
aquela pessoa que está nos ensinando, ela é apenas um veículo, um instrumento,
nos dobramos a tradição do ensinamento.
A única maneira de você se dobrar é
através de você se colocar nessa linhagem de estudo. Nessa atitude de querer
extrair daí esse segredo (dos Vedas), essa mensagem, esse conhecimento; o ahamkara
está sendo dobrado. Por isso é falado no verso inicial da Gita dhyanam, antes da Gita: “sarvopanishado gavo doghdha gopalanandanah” =
todas as Upanishads são (como) vacas e gopala (Krshna) é aquele que extrai o leite (essência da
vida), que ordenha a vaca (ordenhar parece que é fácil mas quando vamos
pessoalmente tentar, vemos que não é tão fácil). Krshna é o ordenhador e nós, os bezerros que se
dispõem a beber o leite.
17- VERSO 3
asurya nama te
loka andhena tamasa 'vrtah /
tamste pretyabhigacchanti ye ke catmahano janah // 3 //
Comentário: Neste verso vemos o desdobramento do verso 1.
Obs: Mundaka Upanishad
diz que existem 2 tipos de conhecimento:
a) do Absoluto. Aquele que uma vez conhecendo (adquirindo)
esse conhecimento, acabou, o conhecimento está adquirido (ganho); então, do que
você adquiriu, nada mudou, porque o Absoluto não muda. O objeto de conhecimento
é completo e imutável, nunca muda.
b) do relativo. Aquele que é mutável, não tem um fim, não tem
nenhum dia que você diga que acabou, pois mesmo que tenha estudado sobre tudo
disponível no mundo (que já é difícil!) de algum determinado assunto (ou
objeto), ele muda e, então, tem mais coisa para saber e que você não sabe mais.
Esses que possuem este conhecimento são considerados ignorantes (em relação ao
Absoluto).
- ASURYAH (asuras) =
ignorante (aquele que não possui o conhecimento).
Obs: Asuras
e Devas são 2 termos que aparecem
nos Vedas e na Gita (cap. XVI).
a) Asura: pessoa que é negativa,
destrutiva, que tem prazer em destruir, que é confusa, iludida. Aquele que não
tem conhecimento, todos os ignorantes.
b) Deva: palavra derivada da raiz “div” = brilhar. Pessoa que brilha (porque tem clareza de
conhecimento, em relação aos valores), que tem a capacidade de agir para com
outra pessoa considerando-a como a si mesma, seguindo os valores universais.
Aquele que possui conhecimento.
Comentário: A Gita diz que as qualidades de Deva conduzem ao
conhecimento e, as de Asura mantém a pessoa na ignorância e na confusão.
Comentário: O objetivo do
verso 3 é fazer uma crítica ao ignorante (que se mantém na ignorância), dar uma
“sacudida”, “acordá-lo”. Fazer com que essa pessoa enxergue o objetivo maior da
vida que é o autoconhecimento, mostrar que é isso que se deve fazer e seguir (assim
como faz Krshna
a Arjuna na Gita). Esta Upanishad está
fazendo isso.
Ignorante todo mundo é mas se você mantém
a sua ignorância em relação ao “Eu”, você está destruindo a você mesmo, é um
“suicídio”. Um suicídio no sentido de que você está matando o Atma, ignorando-O (sua natureza fundamental eterna). Na
ignorância nós ignoramos o Atma, eliminamos do nosso vocabulário, da nossa vida. Ignorante também é
aquele que não faz nada para sair da roda do samsara.
- ASURYAH
NAMAH = Essas pessoas que são chamadas
de Asura.
Essas pessoas não só não reconhecem o Atma como não sabem que existe um Atma e que este deve ser conhecido. Sendo conhecido, você vai se
libertar de todo o sofrimento, toda a confusão.
Essas pessoas então, estão completamente
envolvidas nessa escuridão.
- AVRTAH = encobertos (completamente).
- ANDHENA
TAMASA = total (grande) escuridão.
- TE
LOKAH = mundos, nascimentos
(vários).
Comentário: Devido a essa
grande escuridão da ignorância, essas pessoas têm vários nascimentos e
perpetuam essa escuridão. Nascem na escuridão e terminam a vida nela. Vivem
muitas experiências diferentes, buscam muitas coisas diferentes, têm vários
objetivos, mas todos dentro de artha, kama e dharma. Não fazem nada para sair da
ilusão (confusão).
Têm vários nascimentos encobertos por
total escuridão.
Comentário: No
Mahabharata, Dhritarashtra (pai de Duryodhana e
tio de Arjuna) nasceu cego. Num determinado momento, Vyasa o oferece a capacidade de ver (o que está acontecendo no
campo de batalha) além, mas ele recusa. Ele estava na escuridão e opta por
manter-se nela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário está sujeito a avaliação. Obrigado.