Meditação
(Parte 2)
O
Efeito do Karma Yoga
Com a atitude de Karma Yoga é possível aprender através das nossas experiências. Uma
mente reativa não tem capacidade de aprender, pois não consegue ver as coisas
objetivamente. A experiência é o melhor professor se a assimilamos sem reagir;
mas na maior parte do tempo não aprendemos nada com elas e acabamos por nos
arrepender.
O aprendizado acontece nos momentos em que
a nossa mente não está reativa, por mais raros que estes momentos sejam. Não há
como aprender quando sua mente está identificada com a raiva ou qualquer
sentimento parecido. Este estado mental não é receptivo. Por causa destas reações,
nos tornamos incapacitados de aprender pelas nossas experiências.
Se um resultado não está de acordo com
nossas expectativas, o aceite, ou mude sua trajetória, e aja novamente. Se
nossa ação falhar, não somos uma falha se aprendemos a partir desta
experiência. Iremos desenvolver assim uma mente não reativa, capaz de aprender.
Os
Valores Éticos = Qualidades da Mente = Jnanam
O Gita
denomina um conjunto de valores como jnanam,
que significa conhecimento, e representa as diversas qualidades da mente na
presença da quais, em medida relativa, o conhecimento do Ser pode ocorrer (o
conhecimento do Ser é tanto o meio quanto o fim do ensinamento de vedanta). E quando a ausência dessas qualidades é significativa, o autoconhecimento
não ocorre. Jnanam prepara a
mente para vedanta.
Karma
Yoga ajuda a ganhar o preparo mental que capacita você a adquirir o
conhecimento que é a libertação (moksha).
Jnanam
são os valores necessários para preparar a mente para o conhecimento. Os
valores são um estado da mente que reflete certos valores universais e atitudes
éticas. A descoberta e a assimilação dos valores por si só constituem a
preparação da mente, tudo o mais é secundário. O jnanam (conhecimento) dos valores é a preparação para a conquista
do autoconhecimento. Isso não quer dizer que o conhecimento do Ser ocorrerá se
a mente tiver os valores apropriados, mas que poderá ocorrer. Sem os valores
apropriados não ocorrerá.
Resumindo:
-
valores apropriados presentes: o autoconhecimento pode ou não estar presente.
-
valores apropriados presentes: o autoconhecimento pode ser obtido.
-
valores apropriados ausentes: o
autoconhecimento não pode ser
obtido.
Um valor é a consideração por alguma
coisa, ou uma atitude apreciada ou estimada pelo dono do valor. Em sânscrito,
um valor ético pode ser definido como Dharma,
que é um padrão ou norma de conduta originado na maneira pela qual eu desejo
que os outros me vejam ou me tratem. O que espero ou desejo dos outros se torna
meu padrão de Dharma (comportamento
adequado). Não posso “fugir” dos valores porque ninguém, vivendo neste mundo,
pode fugir dos relacionamentos, e com os relacionamentos vêm os valores. Se
desejar que a outra pessoa se comporte de certa maneira, então estou preso a um
sistema de valores.
Karma
Yoga é cuidar e observar meus gostos e aversões, isto pode apenas ser feito
e trabalhado através de nossa interação com o mundo externo.
Ninguém quer a mente em conflito. Na
presença de conflito, problemas com a mente são inevitáveis: autocondenação,
ansiedade, arrependimento, culpa, sentimento de fracasso. Os conflitos aparecem
quando sou incapaz de viver de acordo com um determinado valor que, consciente
ou inconscientemente, aceito. Quando não posso viver de acordo com minha
estrutura de valores, fico em conflito e sofro de culpa.
Valores: não violência, constante vivência
do autoconhecimento, apreciação do objetivo do conhecimento da verdade, firme
devoção com a visão não dual, reflexão sobre a limitação do nascimento, morte,
velhice, doença e dor, adaptabilidade, etc. Valores que devem estar presentes
para que a mente do buscador esteja preparada para o conhecimento do Ser.
Valores éticos: universais no conteúdo e
relativos na aplicação.
Karma Yogi
O Karma
Yogi também tem gostos e aversões, mas os abandona, significando que ele
não é guiado por eles. Ao invés de ir por “devo fazer isto” e “não devo fazer
aquilo”, ele vai pelo que deve ser feito, de acordo com Dharma e Adharma. Neste
caminho, os gostos e aversões da pessoa são abandonados até certo ponto e
aqueles que permanecem são buscados de acordo com o Dharma.
Ao satisfazer qualquer desejo, existe uma
escolha envolvida. As escolhas são determinadas pelos gostos e aversões de
alguém. Se algo tem que ser feito, o Karma
Yogi faz independente se ele gosta ou não. Agindo assim ele renuncia a
determinados gostos e aversões.
Dhyana
Capacidade da mente de ficar com ela mesma
ou com o objeto de meditação.
É para estabilidade mental.
Na meditação,
ato de meditar, somente a mente está envolvido. É uma ação nascida puramente da
mente. Pode ser rezar, contemplar ou qualquer outra disciplina interior; é
puramente interior.
Para obter firmeza (constância,
regularidade) mental e a calma (serenidade, tranqüilidade) necessária para
adquirir autoconhecimento existe a disciplina interna da meditação.
Exercer o estado de ausência de
distrações.
Preparação
para Meditação
Qualquer coisa que entre em contato com os
órgãos dos sentidos é chamada de objeto. Os órgãos dos sentidos são expostos
aos objetos dos sentidos significando o mundo.
Órgãos
dos sentidos Objetos dos
sentidos
Olhos cores e
formas
Ouvidos sons
Nariz cheiros, odores
Língua gostos,
sabores
Pele texturas
Como
Manter os Objetos Externamente
Todos os objetos (pensamentos) entram na
mente através dos sentidos. Na meditação, todos os objetos externos devem ser
mantidos externamente. Você simplesmente deixa de pensar neles. Você direciona
sua mente para alguma outra coisa. Não tem que rejeitar, reprimir ou mandar
embora os objetos, apenas deve-se deixar eles exatamente onde estão.
Os objetos, primeiramente, entram na sua
mente por você pensar neles. Entretanto, você não pode culpá-los por estarem em
sua cabeça. Não pense sobre eles e eles não estarão lá.
Os objetos já estão externos e, não dando
importância para eles, irão manter-se externos. Assim se mantém os objetos
externamente.
Os olhos são mantidos fechados. Manter os
olhos fechados facilita o pensar num objeto de meditação. Fecham-se os olhos
para eliminar distrações.
Observando
a Respiração
Manter um ritmo entre inspiração e
exalação. Ficando consciente do processo da respiração, observando-a, ela se
torna calma. Ligado a isso vem o relaxamento do corpo e o aquietamento da
mente.
Livre
do Medo
A pessoa se vê livre de desejos, medo e
raiva. A pessoa fica emocionalmente madura no sentido de não estar mais sobre o
feitiço do desejo, medo ou raiva. Tal pessoa é naturalmente sempre livre, por
causa do autoconhecimento. Conforme o
processo de autoconhecimento acontece, a identificação com os pensamentos
(sentimentos) vai diminuindo.
Meditação é uma prática (sadhana), um meio para adquirir a
libertação.
Toda
Ação Nasce na Mente
Na verdade, toda ação nasce na mente, mas
não necessariamente permanece nela. Apesar de todas as formas de ação emanar da
mente somente, elas nem sempre param nela (ex.: ação de falar). Mas em Dhyana, a atividade nasce na mente e
permanece nela, então é puramente uma ação mental. Uma atividade que é uma
prática, um meio, yoga.
Toda preocupação é também uma atividade
mental. Uma pessoa preocupada constantemente não pode dizer que está meditando.
Dhyana
é uma ação mental onde o assunto é pré-determinado, o tema é o ilimitado Brahman. È uma atividade mental onde
todos os pensamentos que não se referem ao objeto escolhido são removidos, e
onde apenas aqueles que se referem ao objeto escolhido fluem por um período de
tempo.
Uma
Mente “Viajante” Faz Parte da Meditação
Quando a mente “viaja” fora do objeto da
meditação, deve ser trazida de volta para o objeto meditado. Este dispersar faz
parte da meditação. Quando a mente perder o foco, simplesmente traga-a de
volta. Se a mente não perder o foco em nenhum momento, isso é chamado samadhi (estar muito próximo do objeto a
ponto me ver como o próprio objeto).
Meditação
não Envolve Apenas Vontade/Disposição
Meditação é algo que alguém pode fazer se
sentir vontade, mas apenas será efetiva se a mente estiver preparada. Uma
disposição para meditação não é criada pela vontade, mas você pode ir sentar e
tentar meditar. Tal disposição ocorre quando você está pronto para isso e esse
preparo é o que chamam de prontidão mental. Adquirir esta prontidão não ocorre
com o tempo, mas é criada por viver uma vida de Karma Yoga.
Obstáculos
Doença, inércia, dúvida, negligência,
preguiça, equivocação na tomada de decisões, inconstância, instabilidade.
Receita
para o Sucesso na Prática
Dedicação, desapego, esforço, confiança,
atenção, energia, sabedoria.