25 de mai. de 2012


Meditação
(Parte 1)
          Existem 2 tipos de sadhana (prática), ambos devem ser seguidos:

- Karma Yoga (meio externo para moksha)
- Dhyana         (meio interno para moksha)

Karma Yoga    
     É o que deve ser feito por você, com uma atitude adequada e seguindo valores.
     É o entendimento de que temos o controle somente na ação, nunca sobre os resultados.
     Uma atitude em relação à ação. Atitude que nos desidentifica de gostos e aversões.
     Cuidar e observar meus gostos e aversões.
     Purificação mental.
     Estabilidade da mente.
     Sabedoria na ação. Dissociação de nossa relação com o sofrimento.       


Toda Ação Nasce de um Desejo
     Desejos são divididos em 2 categorias: gostos, algo que você quer proteger ou adquirir e  aversões, algo que você está tentando evitar ou até mesmo se livrar. São divididos também em outras 2 categorias: “úteis”, desejo de fazer, ensinar, doar, escrever, estar atento, consciente e aqueles que desestabilizam a nossa mente, desejos capazes de tirar o foco da nossa prática, da nossa vida, a paixão por alguém, um objeto; ou desejo por algo que não pode ser alcançado neste determinado momento de nossa vida, desejo que tira a nossa objetividade. Como indivíduos, estamos sujeitos a isso. Nossas experiências e julgamentos irão ditar nossas escolhas, nossos gostos e aversões. Nossas escolhas representam a dualidade, que representa a limitação.
     No Bhagavad-Gita, o mestre diz para o discípulo que primeiro tendo sob seu controle os sentidos, que abandone este desejo (aquele que tira a atenção da sua mente) pernicioso que destrói o conhecimento (III; 41). Fala também que os sentidos são superiores. A mente é superior aos sentidos. Superior à mente é o intelecto. Aquele (o Ser) é superior ao intelecto (III; 42). Os sentidos são superiores aos objetos que dependem da nossa capacidade de percepção. Sem os órgãos de percepção, os objetos não poderiam ser observados. A mente é superior aos sentidos, pois guarda a sensação dos objetos. Mas a mente tem a capacidade de fantasiar. Sem o conhecimento do Ser ela começa a achar que é o Eu. A mente é uma ferramenta que tem a capacidade de te conduzir ao Ser, mas ela deve ser disciplinada (yoga). Mas se ela estiver sob o comando dos desejos, você se perde em si mesmo. O intelecto é superior à mente, pois é o intelecto o responsável pela nossa capacidade de pensar objetivamente. E o Ser superior a tudo, mas se faz necessário um espaço onde possa se refletir claramente. O mestre conta que, desta forma, conhecendo aquele superior ao intelecto, segurando a mente com a mente, abondone o inimigo na forma de desejo que é difícil de ser vencido (III; 43).

     O mestre (sábio) compreende que ele é felicidade, e então se vê livre do desejo de se tornar feliz acumulando objetos; a sua felicidade não depende da presença ou ausência das coisas.

O Problema dos Gostos e Aversões
     Problemas são causados somente por uma mente dominada por gostos e aversões.
     Todos vivemos em um mundo pessoal condicionado pela sociedade, cultura, religião, pais e professores. Como resultado dessas influências cada pessoa tem seus gostos e aversões. Gostamos de objetos e sentimos que eles nos farão felizes. Desgostamos de outros e achamos que na presença deles nos tornamos infelizes. Há também objetos e pessoas aos quais somos indiferentes porque a presença destes não nos causa felicidade ou infelicidade. Não vemos os objetos do mundo como eles são, mas como eles são interpretados pela mente que tem gostos e aversões peculiares. Quanto mais sensível uma pessoa se torna, mais sutis se tornam os gostos e aversões. Ter preferências não é um problema em si, mas se alguém não gosta de certa nuance, não a verá como realmente é. Por isso se afirma que uma pessoa não vive em um “mundo público” (o mundo objetivo), mas em seu mundo privado, de fantasias. Tudo aquilo que buscamos é guiado por gostos e aversões. Pensamos que seremos mais felizes, confortáveis, adquirindo objetos que gostamos e nos livrando daqueles que não gostamos. Uma pessoa pode se sentir desconfortável por inúmeras coisas. O desejo de ser feliz nos condiciona a adquirir ou rejeitar de acordo com os gostos e aversões. Então, a felicidade se torna incerta porque depende do sucesso da busca; e ainda se torna mais incerta pelo fato de que os gostos e aversões mudam constantemente. Até que gostos e aversões sejam neutralizados, não podemos ser objetivos em relação ao mundo. Mesmo quando agimos conduzidos por gosto ou aversão, se não reagimos ao resultado, estes serão neutralizados. Agir sem depender do resultado ou dos vários fins da ação. O resultado de uma ação raramente está de acordo com aquilo que esperamos. Se é melhor do que esperamos, nos sentimos bem sucedidos; se recebemos menos do que esperamos, pensamos que somos fracassados. Mas se tomarmos os resultados objetivamente, nosso gosto ou aversão não poderá criar nenhum sentimento de sucesso ou fracasso. Não serão mais capazes de causar qualquer tipo de tristeza.
     Karma Yoga é para purificação mental, por liberar a pessoa de seus gostos e aversões.

Gostos e Aversões: Obstáculos para o Conhecimento 
     Uma pessoa com gostos e aversões pode ouvir o que está sendo dito pelo professor: “Você é ilimitado”, porque a mente está atenta e então está relativamente livre; a mente te deixa aprender a partir do momento que gostos e aversões não interferem. Estes momentos de aprendizado onde temos um lampejo de nossa realidade estão isolados da nossa personalidade. Mais tarde, quando estamos longe do professor e do ensinamento, estes lampejos desaparecem e tudo o que resta é a personalidade novamente governada pelos gostos e aversões.
     Agindo com uma mudança em nossa atitude neutralizamos gostos e aversões, e assim, obtemos uma mente relativamente livre com a qual possamos aprender.
     Uma atitude contemplativa é algo natural, mas somente pode ser descoberta depois de estarmos livres de gostos e aversões.
     O mundo objetivo não cria problemas para nós. Problemas são causados somente por uma mente dominada por gostos e aversões. Se você tem uma mente contemplativa, percebe que os gostos e aversões pertencem à mente, e que você não é a mente. Cultivar uma determinada atitude em relação à ação e seus resultados neutraliza os gostos e aversões, essa atitude é Karma Yoga.

Prática de Meditação
     Imaginem estarem próximas a uma montanha, uma floresta, com um rio silencioso, flores por todos os lados, pássaros cantando. O mundo é belo; você parece não desejar mais nada; você acertou suas contas com a vida e se sente bem feliz. É a mesma pessoa que respondia à simples pergunta: “Como vai você?” com um milhão de reclamações. Como estas reclamações desapareceram? Quando você viu a montanha, você não quis que ela fosse diferente; ou você gostaria que ela tivesse picos congelados? A mente aceitou tudo como está. Ela não desejou que o rio fosse mais rápido ou devagar, ou que o céu fosse mais azul, ou que os pássaros estivessem mais afinados. Você mesmo não quer ser diferente. Você sentiu a vontade de falar com alguém? Neste momento você está alegre e em paz. Este é o estado mental que nos conduz à contemplação.

Uma Atitude em Relação a Ação
     Podemos escolher como agir, mas o resultado não está em nossas mãos. O resultado é determinado pelo momento em que a ação é realizada. Não podemos evitar o resultado, estes são governados por leis que estão além do nosso controle. Encontramos-nos em um mundo governado por leis que não foram criadas por ninguém daqui. Nascemos de acordo com leis e a colheita dos resultados também está de acordo com estas leis. Esta é a lei natural, a qual podemos tentar “entender, mas nunca mudar”.
     Quando agimos, esperamos um resultado, mesmo que saibamos que estes não estão sob nosso controle. Possuímos gostos e aversões, e queremos que as coisas aconteçam de acordo com estas identificações. Gostos e aversões são identificações. Esta expectativa por um resultado é natural, não é o problema em si; o problema está na reação ao resultado. “Aja esperando um resultado; aja para que você consiga o que você quer; planeje e execute tua ação; mas se o resultado for completamente diferente das suas expectativas, apesar de tanto você o desejar, não reaja e não se sinta frustrado”.
     Então, não temos que abrir mão de nossas ações. Se apenas transformarmos a nossa atitude perante ás ações, nos tornaremos pessoas diferentes.
     Uma ação prende e continuará a prender uma pessoa somente se a atitude não for correta. A ação (respirar, comer, urinar, etc) nunca poderá ser deixada completamente. A nossa permanência no corpo físico não pode ser cumprida sem ação.


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